Frenagem Regenerativa: como funciona e quais os benefícios

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Tupinambá

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Foto de pessoa dirigindo carro elétrico.

A crescente preocupação com o meio ambiente e a busca por alternativas sustentáveis tem impulsionado o desenvolvimento de tecnologias inovadoras no setor automotivo. 

Uma dessas inovações é a frenagem regenerativa, uma abordagem mais ecológica para o transporte que promete transformar a forma como os veículos utilizam energia. 

Neste artigo, vamos explorar os mecanismos por trás dessa tecnologia revolucionária, bem como os inúmeros benefícios que ela pode trazer para motoristas e o meio ambiente. 

Acompanhe o texto a seguir e entre na jornada do mundo fascinante da frenagem regenerativa, para entender como ela está moldando o futuro do transporte sustentável.

O que é frenagem regenerativa?

A frenagem regenerativa, ou kers (Kinetic Energy Recovery System) como também é conhecido, é um sistema utilizado em veículos elétricos e híbridos, que tem como objetivo recuperar a energia cinética desperdiçada durante a frenagem ou desaceleração e convertê-la em energia elétrica, armazenando-a na bateria do veículo para uso posterior. 

Esse processo contribui para a eficiência energética e a autonomia do veículo, além de reduzir o desgaste dos freios convencionais.

Quando um veículo se desloca, ele utiliza energia cinética (energia do movimento). Durante a frenagem, ela é dissipada na forma de calor pelos freios, que convertem a energia cinética em energia térmica por meio do atrito. 

A frenagem regenerativa utiliza um sistema inteligente que aproveita essa energia cinética e a converte em eletricidade, podendo ser armazenada e reutilizada.

O sistema funciona por meio do motor elétrico do veículo, que durante a frenagem, passa a atuar como um gerador. Quando o motorista aciona o freio ou desacelera, o motor elétrico entra em modo gerador, produzindo eletricidade em vez de consumi-la.

Esse processo cria uma força contrária ao movimento do veículo, que é chamada de torque regenerativo. O torque regenerativo age como uma força de frenagem que diminui a velocidade do veículo, ao mesmo tempo em que converte a energia cinética em eletricidade, que é armazenada na bateria do veículo.

Esta é uma tecnologia antiga, já utilizada por bondes na Inglaterra no começo do século XX, e foi oficialmente introduzida na Fórmula 1 em 2009. Hoje em dia é possível encontrar o sistema dos mais variados tipos de veículos elétricos. 

Como funciona a frenagem regenerativa?

Foto de homem fazendo frenagem regenerativa.

A frenagem regenerativa é um sistema que armazena a energia cinética de um veículo em movimento durante a frenagem e, em seguida, a libera de volta para o carro durante a aceleração. Isso faz com que o veículo consiga aumentar sua eficiência energética e economizar combustível. 

Existem diversos métodos de conversão de energia, incluindo sistemas com molas, volantes de inércia, eletromagnéticos, hidráulicos e, mais recentemente, o sistema híbrido de frenagem regenerativa eletromagnética com volante de inércia.

Cada tipo de sistema utiliza um método diferente de conversão ou armazenamento de energia, resultando em diferentes eficiências e aplicações para cada tipo. Entenda melhor a seguir:

Métodos de conversão

Eletromagnético 

Nesse método, o eixo de transmissão do veículo é conectado a um gerador elétrico que utiliza campos magnéticos para restringir sua rotação, diminuindo a velocidade do veículo e gerando eletricidade ao mesmo tempo.

Nos veículos elétricos e híbridos, a eletricidade gerada é enviada às baterias, recarregando-as.

Já em veículos a combustão, a eletricidade pode ser usada para alimentar os componentes eletrônicos do carro ou ser enviada a uma bateria, no qual pode ser utilizada posteriormente para fornecer uma potência extra ao veículo.

Volante de Inércia (Flywheel)

Neste método a energia cinética do veículo é coletada em forma de momento rotacional por meio de um volante conectado ao eixo de transmissão.

Esse momento armazenado pode então ser usado para aplicar torque ao eixo da roda, proporcionando um impulso de potência ao veículo.

O sistema é muito parecido ao utilizado por aqueles famosos carrinhos de fricção, no qual a criança puxava o carrinho para tráz, armazenando a energia do movimento, e reaproveitando essa energia para fazê-lo andar.

Esquema 2D de um freio regenerativo
Imagem retirada do artigo “Mechanical and electrical flywheel hybrid technology to store energy in vehicles” de K.R. Pullen e A. Dhand

Volante eletromagnético

Esse é um modelo  híbrido que combina os sistemas eletromagnético com o volante de inércia. Ele compartilha os métodos básicos de geração de energia com o sistema eletromagnético, armazenando a energia em um volante, em vez de baterias. 

Nesse caso, o volante funciona como uma bateria mecânica em que a energia elétrica pode ser armazenada e recuperada.

Devido à maior durabilidade dos volantes de inércia, em comparação às baterias de íons de lítio, o sistema eletromagnético com volante de inércia é um método mais econômico de armazenamento de eletricidade.

Molas 

Sistemas com molas geralmente são utilizados em veículos movidos a partir de algum esforço humano, como bicicletas ou cadeiras de rodas.

Nesse método, uma mola ou bobina é enrolada em um cone durante a frenagem, armazenando energia na forma de potencial elástico. Essa energia pode ser utilizada posteriormente para auxiliar o condutor em subidas ou terrenos irregulares.

Hidráulico

Os sistemas hidráulicos, por sua vez, armazenam a energia em forma de fluido pressurizado. Ao desacelerar, o veículo recupera a energia que seria desperdiçada por meio da compressão de um gás – geralmente gás nitrogênio. Ao descomprimir, a energia é re-aproveitada para auxiliar o movimento.  

Sistemas hidráulicos possuem a maior capacidade de armazenamento de energia entre os sistemas de frenagem regenerativa, já que o fluido comprimido não dissipa energia ao longo do tempo. No entanto, a compressão do gás com uma bomba é um processo lento e limita significativamente a potência do sistema hidráulico.

Os carros híbridos e elétricos modernos utilizam um motor elétrico para alimentar o veículo, o que facilita a aplicação da frenagem regenerativa de maneira simples e eficiente.

Na maioria desses veículos, a transmissão é configurada de modo que ao desacelerar ou acionar os freios, o motor elétrico se inverte e aplica uma resistência às rodas, em vez de fornecer potência.

Essa resistência aplicada às rodas passa pelo motor elétrico, onde é usada para recarregar as baterias.

Eficiência

A eficiência dos sistemas têm evoluído ao longo dos anos, à medida que os fabricantes de veículos híbridos e elétricos continuam aprimorando suas tecnologias.

Com os avanços recentes, os sistemas de frenagem regenerativa mais sofisticados conseguem recuperar até 70% da energia cinética que seria desperdiçada durante a frenagem.

A eficiência depende de vários fatores, como o estilo de direção do motorista, a topografia da área em que o veículo é utilizado e as condições climáticas.

No entanto, mesmo com essas variações, os benefícios são significativos para os proprietários de veículos híbridos e elétricos. Um exemplo clássico é o motorista que desce a serra para ir à praia e quando chega na costa, a bateria foi praticamente carregada devido a recuperação de energia na descida da estrada.

Os engenheiros continuam pesquisando e desenvolvendo novas tecnologias e materiais que possam aumentar a quantidade de energia recuperada e aperfeiçoar o desempenho desses sistemas.

Isso inclui a criação de baterias mais eficientes e duráveis, bem como a otimização do software e do hardware que controla a frenagem regenerativa.

Frenagem normal x frenagem regenerativa

A frenagem normal e a frenagem regenerativa são dois métodos distintos de desaceleração de um veículo, cada um com suas características e benefícios específicos.

A frenagem normal, também conhecida como frenagem mecânica, é o processo tradicional de desaceleração de um veículo. Quando o motorista pressiona o pedal de freio, as pastilhas de freio são pressionadas contra os discos de freio, criando atrito e, consequentemente, calor. 

Esse atrito converte a energia cinética do veículo em energia térmica, dissipando-a no ar e fazendo o veículo desacelerar.

Embora a frenagem normal seja eficaz para reduzir a velocidade do veículo, esse processo resulta em desperdício de energia e desgaste dos componentes do sistema de freios.

Por outro lado, a frenagem regenerativa é um método mais eficiente e sustentável de desaceleração, especialmente em veículos híbridos e elétricos.

Em vez de depender apenas do atrito entre as pastilhas e os discos de freio, a frenagem regenerativa aproveita o “freio motor” para desacelerar automaticamente e recuperar a energia para ser utilizada posteriormente a energia cinética que seria perdida durante a frenagem e a converte em energia elétrica. 

Essa energia é armazenada na bateria do veículo e pode ser usada posteriormente para alimentar o motor elétrico, aumentando a autonomia do veículo e reduzindo o consumo de combustível ou a necessidade de recarga.

A frenagem regenerativa não substitui completamente a frenagem normal, mas a complementa.

Em situações de frenagem intensa ou emergência, a frenagem mecânica ainda é necessária para garantir a segurança do veículo e dos ocupantes. 

No entanto, a combinação da frenagem regenerativa com a frenagem normal permite obter uma maior eficiência energética, reduzir o desgaste dos componentes do sistema de freios e contribuir para um meio ambiente mais limpo e sustentável.

Benefícios da frenagem regenerativa

Ao converter a energia cinética, que se perderia durante a frenagem, em energia elétrica, a frenagem regenerativa  oferece vantagens notáveis, tais como:.

Economia de combustível e energia: ao recuperar energia durante a frenagem e armazená-la na bateria, os veículos híbridos e elétricos podem usar essa energia adicional para aumentar a autonomia do veículo, reduzindo a necessidade de combustível nos híbridos e a frequência de recarga nos veículos elétricos puros. Essa economia de energia resulta em custos operacionais mais baixos para os proprietários desses veículos.

Redução das emissões de gases de efeito estufa e da pegada de carbono dos veículos: com menos energia desperdiçada e menor consumo de combustível fóssil, os veículos equipados com sistemas de frenagem regenerativa contribuem para um ambiente mais limpo e sustentável.

Prolongamento da vida útil dos componentes do sistema de frenagem do veículo: como ela auxilia na desaceleração, o desgaste das pastilhas e discos de freio é reduzido, resultando em intervalos de manutenção mais longos e menores custos de substituição das peças.

Por fim, a frenagem regenerativa melhora a experiência de direção, proporcionando uma desaceleração mais suave e controlada.

Isso também aumenta a segurança, já que os motoristas podem ajustar a intensidade da frenagem regenerativa de acordo com as condições da estrada e suas preferências pessoais.

Frenagem regenerativa em diferentes tipos de veículos

Foto de ônibus elétrico.

A forma como a frenagem regenerativa é implementada e utilizada varia de acordo com o tipo de veículo e suas necessidades específicas, sendo  uma tecnologia aplicável a diversos tipos de automóveis, incluindo carros elétricos e híbridos, bicicletas elétricas e sistemas de transporte público, como trens e ônibus.

Nos veículos elétricos e híbridos, a frenagem regenerativa é amplamente utilizada para otimizar a eficiência energética e aumentar a autonomia.

No caso do transporte público, como trens e ônibus, o sistema desempenha um papel importante na redução do consumo de energia e na minimização do impacto ambiental. 

Trens, em particular, podem gerar grandes quantidades de energia regenerativa durante a frenagem, que pode ser redirecionada para a rede elétrica ou usada para alimentar outros trens na mesma linha.

Ônibus elétricos e híbridos também se beneficiam dessa tecnologia, resultando em economia de energia e menor emissão de poluentes.

Para bicicletas, a recuperação de energia auxilia na propulsão do veículo, proporcionando menor necessidade de esforço físico por parte do ciclista para locomoção.

Conclusão

A frenagem regenerativa é uma tecnologia inovadora que tem o potencial de revolucionar o setor de transportes, aumentando a eficiência energética e reduzindo o impacto ambiental dos veículos.

Essa tecnologia é aplicável a uma ampla gama de veículos, desde carros elétricos e híbridos, até bicicletas elétricas e transporte público.

Os benefícios da frenagem regenerativa incluem maior autonomia dos veículos elétricos, menor consumo de combustível em veículos híbridos e melhor aproveitamento da energia..

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